Fissura anal é um machucado/corte no canal anal.
Sinais, sintomas e causas
O doente refere dor na região anal, durante e após as evacuações, acompanhado de sangramento que pode ser visível no vaso sanitário. Coceira e inchaço podem surgir com o passar do tempo. A fissura anal pode se manifestar de forma aguda ou crônica. Na fase aguda a dor pode ser intensa e levar a dificuldade para evacuar ou bloqueio da defecação. Outra manifestação possível é a sensação de volume e pele na região, além de saída de secreção.
O surgimento da doença pode se dar como resultado dos seguintes fatores: a) trauma do canal anal, e b) hipertonia do esfíncter do ânus, ambas podendo ocorrer tanto pela defecação de fezes endurecidas, na prisão de ventre (constipação intestinal), quanto na diarreia. O somatório destas condições leva à diminuição do aporte de sangue ao local (hipoperfusão e isquemia) prejudicando as condições necessárias para cicatrização da fissura.
O pós-operatório de cirurgias da região anal (hemorróidas, fístulas, etc) pode também contribuir para o aparecimento de fissura anal, porque provocam mecanismos semelhantes de hipertonia (contratura) muscular e isquemia que dificultam a cicatrização destas cirurgias.
Outras doenças podem estar associadas ao surgimento, como a retocolite ulcerativa, a doença de Crohn, a tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, herpes, linfogranuloma venéreo, cancro mole, Aids, citomegalovirose, etc) assim como o câncer de canal anal. Por este motivo é de suma importância o exame realizado pelo especialista para a elucidação diagnóstica.
Tratamento
O tratamento será escolhido pelo seu coloproctologista, após o exame físico, e poderá ser inicialmente conservador (banhos de assento com água morna, pomadas anestésicas e dieta rica em fibras. Seu médico especialista poderá, ainda, associar a prescrição de medicações tópicas especiais que reduzem temporariamente a contratura do esfíncter interno do ânus promovendo a melhora da vascularização local e consequentemente a cicatrização da fissura. Entretanto, em muitos casos essa medicação tópica pode não conseguir ajudar na cicatrização. Em alguns casos a doença pode também retornar (recidivar) mesmo com pleno tratamento clínico.
As fissuras que demoram em cicatrizar precisam ser reavaliadas e em alguns casos podem necessitar de cirurgia. O tratamento cirúrgico tem como objetivo orientar o processo de cicatrização e / ou diminuir o poder de contração do esfíncter interno anal. Com isto, consegue-se melhorar o fluxo de sangue para o local da fissura, o que estimula sua cicatrização. Esta cirurgia possui altos índices de cicatrização embora envolva alguns riscos que serão explicados pelo cirurgião. Outros problemas associados à fissura crônica que podem ser tratados através da cirurgia são o plicoma anal e a papila hipertrófica.
Atualmente existe a possibilidade de aplicação de toxina botulínica para provocar o relaxamento temporário da musculatura e auxiliar a cicatrização mais rápida.
A escolha da melhor opção terapêutica deverá ser avaliada pelo seu cirurgião coloproctológico. A grande maioria dos casos responde bem ao tratamento clinico. Nos casos de sangramento persistente, apesar da boa resposta ao tratamento clínico, pode ser necessário a investigação adicional através de colonoscopia.